Vereador força prefeito a pagar os atrasados
para hospitais da cidade
Publicado no Blog do Jeff
Os vereadores Mario Esteves (PRB) e Pastor Monteiro de Jesus (PRB); o diretor administrativo da Santa Casa de Misericórdia de Barra do Piraí, Waldir de Castro Adão; o presidente da Cruz Vermelha - Filial Barra do Piraí, Coronel (EB) Parrini; e os assessores jurídicos dos hospitais Maria de Nazaré e Cruz Vermelha, respectivamente, Ludmilla Vermaas de Oliveira e Rafael Cruz, foram até a 88ª Delegacia de Polícia de Barra do Piraí, na tarde de quarta-feira (9), para pedir apuração de supostos crimes na retenção indevida e injustificada dos repasses de verbas estaduais e federais para os três hospitais.
A decisão foi tomada na audiência pública sobre a Saúde em Barra do Piraí realizada pela Câmara de Vereadores na noite anterior (terça-feira - dia 08). Após a audiência o vereador Mario Esteves e os representantes dos hospitais seguiram até a 88ª DP e só não representaram contra o prefeito Zé Luiz e secretário de Saúde José Adélio, segundo suas informações, porque o delegado estava em diligência acompanhando a investigação de um assassinato ocorrido naquela faixa de horário no bairro do Morro do Gama. O vereador Pedrinho ADL (PRB), que concordou em plenário com a representação criminal, não seguiu até a delegacia. Pedrinho ADL teve uma crise nervosa na saída da Câmara de Vereadores. Já o vereador Pastor Monteiro, que compareceu a delegacia na tarde de quarta-feira, na noite anterior também não acompanhou o colega Mario Esteves e os representantes dos hospitais até a 88ª DP.
Os vereadores e os representantes dos três hospitais revelaram ao Blog do Jeff Castro e jornal O TASQUIM, que o secretário de Saúde José Adélio e o prefeito Zé Luiz estão retendo, em alguns casos por cerca de até seis meses, os repasses estaduais do Programa de Apoio aos Hospitais do Interior (PAHI) e federais do Piso de Atenção Básica (PAB) do Ministério da Saúde. No caso do Hospital Maria de Nazaré a retenção acontece também nas verbas repassadas pelo Programa de Reestruturação e Contratualização dos Hospitais Filantrópicos do SUS, que não beneficiam a Santa Casa e a Cruz Vermelha, segundo representantes dos dois hospitais, porque as autoridades municipais prosseguem "empurrando com a barriga" os compromissos assumidos.
Do Hospital Maria de Nazaré o Governo Zé Luiz retém os repasses do PAHI e PAB, respectivamente, desde abril e julho. Só no Programa de Reestruturação e Contratualização dos Hospitais Filantrópicos do SUS, calcula-se que o Hospital Maria de Nazaré tem a receber cerca de R$ 750 mil relativos a três meses de retenção no repasse. Na Santa Casa e na Cruz Vermelha os repasses do PAHI e PAB estão atrasados há cerca de seis meses.
Os assessores jurídicos do Maria de Nazaré e Cruz Vermelha, que no caso passaram a representar também a Santa Casa, informaram que já existe um inquérito civil instaurado no Ministério Público (38/11) apurando possível improbidade administrativa na retenção dos repasses estaduais e federais aos hospitais em Barra do Piraí. Segundo informações o Ministério Público oficiou a Secretaria de Saúde de Barra do Piraí pedindo detalhes sobre os repasses há cerca de quatro meses. Existem suspeitas de que o prefeito Zé Luiz e o secretário de Saúde José Adélio estejam retendo os repasses em aplicações financeiras dos recursos.
Após tomarem conhecimento do teor das reclamações, assessores jurídicos da Prefeitura e da Secretaria de Saúde que se encontravam no interior da 88ª DP, saíram apressados e enquanto nossa reportagem conversava com os vereadores e representantes dos três hospitais, vários telefonemas de diretores da Santa Casa, Maria de Nazaré e Cruz Vermelha informavam que assessores do prefeito Zé Luiz tinham acabado de revelar que os valores retidos seriam depositados ainda na quarta-feira.
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Em foto tirada por Jeff Castro e publicada em seu blog, os diretores dos
três hospitais da cidade comprovam tais irregularidades na 88 DP |
Demonstrativos de despesas consolidadas da Prefeitura informam R$ 7,07 milhões
em repasses de abril a setembro
Nos demonstrativos de despesas consolidadas mensais publicados pela Prefeitura de Barra do Piraí, de abril a setembro, foram revelados os seguintes valores repassados pela Secretaria Municipal de Saúde e Fundo Municipal de Saúde aos hospitais Cruz Vermelha, Maria de Nazaré, Santa Casa e outros. Abril: R$ 977.306,75; Maio: R$ 1.080.726,22; Junho: R$ 1.137.241,98; Julho: R$ 1.887.562,98; Agosto: R$ 1.093.941,92; e Setembro: R$ 895.311,19. Os valores informados pelo Governo Zé Luiz somam R$ 7.072.091,04. As investigações na Polícia Civil e Ministério Público precisam esclarecer se os valores informados como repassados nos demonstrativos de despesas consolidadas foram retidos em contas específicas da Secretaria e Fundo Municipal de Saúde.
*Postado por Jeff Castro - quarta-feira, 09 de novembro de 2011.
Mário Esteves analisa situação e diz que vai continuar
a pedir CPI
O vereador Mário Esteves, que já estava sabendo da problemática e estava apenas aguardando a Audiência Pública para se pronunciar, se disse envergonhado em ver que, mais uma vez, o governo não agiu com transparência com o erário público, deixando de atender a população, com a retenção de mais de R$ 1 milhão em três meses.
“Tínhamos conhecimento desta problemática, mas não estavam confirmados os valores retidos e a secretaria de Saúde não nos informava com precisão sobre esta situação. É lamentável que isso esteja acontecendo em Barra do Piraí, onde o prefeito se diz uma pessoa transparente. Deixar de repassar estes valores, significa, nada menos, que deixar de assistir a população barrense. Fomos à delegacia para que se apure tais medidas. Vamos fiscalizar e abrir esta caixa preta que é a Saúde da cidade, comandada pela falta de gestão pública de José Luiz e José Adélio”, lamenta o vereador.
Outro ponto levantado pelo vereador é com relação a sua postura com as questões da Saúde e a falta de transparência do setor. No final do mês passado, Mário Esteves pediu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar com mais precisão os entraves na secretaria de Saúde.
“Lamento que os demais vereadores não aprovaram a abertura dessa CPI, cada um alegando um motivo. Respeito a postura dos parlamentares, mas, respeito ainda mais o erário público, advindo do pagamento de impostos e taxas dos contribuintes municipais. Vamos levar este pensamento adiante e provar que há ilegalidades por conta de falta de gestão”, frisa o vereador.